Como fazer uma monografia

Os passos para se elaborar uma monografia são apresentados neste texto, de forma sintética, buscando orientar estudantes que têm a missão de redigir um trabalho monográfico.

 

Tema deve ser

delimitado

Veja aqui alguns critérios que podem auxiliá-lo a ter

êxito nesta etapa de

definição da pesquisa.

 

Problema com o

problema?

A formulação do problema é crucial para bom êxito da

pesquisa. Saiba como ela

ocorre.

 

O que é pesquisa? Para que se pesquisa em ciências sociais aplicadas?

 

Artigo explica como apresentar objetivos gerais e específicos do projeto

 

Pesquisa tem que ser relevante; projeto deve indicar sua

importância social e científica

 

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Enfim, férias!

Amigos, chegamos ao término de um ano acadêmico e, em janeiro próximo, nosso blog completa seu primeiro aniversário.
Quero aproveitar para dizer que este período foi muito produtivo e estimulante para mim, sobretudo por ter podido contar com uma audiência de leitores gentis, interativos e inteligentes.
Espero ter, de alguma forma, contribuído para estudantes - entre meus alunos ou não - em busca de direcionamentos para a pesquisa.
Nos próximos dias, farei uma breve pausa para colocar as coisas em ordem para o próximo ano letivo e também para recarregar as energias para os novos projetos que certamente virão em 2009 (entre eles, concluir a redação de meu livro de metodologia).
Que o ano vindouro também seja pleno em realizações a meus leitores: término de teses e TCCs, desenvolvimento de projetos e pesquisas e início de novas empreitadas acadêmicas...
Aproveito ainda para desejar a todos um Natal feliz, um próspero ano novo e boas férias!

José Artur


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sobre internet e plágio

Uma questão ética que não está distante da sala de aula e dos cursos de graduação e pós-graduação refere-se ao plágio, a apropriação inadvertida de trabalhos de outros autores como de nossa própria autoria. Abaixo, segue um artigo da Universia Brasil que trata sobre o tema, a respeito do qual voltaremos novamente no blog.

Como lidar com o plágio em sala de aula
Com o advento da Internet, a cópia de trabalhos tornou-se mais fácil. Mas desde que existem livros, revistas e outras publicações, existe o plágio. Saiba como lidar com esse mal que assombra as salas de aula
Há mais ou menos dez anos surgiu um fenômeno chamado Internet. E com ela a facilidade de se copiar material para a elaboração de trabalhos escolares, uma prática condenável mas, nem sempre, fácil de identificar. No entanto, é necessário lembrar que desde que existem publicações - sejam livros, jornais, revistas, etc. - houve a possibilidade de cópia. A rede mundial de computadores e a Informática ao alcance das pessoas apenas facilitou esse processo. A Internet é uma grande biblioteca na qual qualquer pessoa pode colocar um texto. Assim, como na biblioteca, é necessário que as pessoas saibam como se virar lá dentro, como olhar as referências de um livro, de revistas, como utilizar o material disponível e como manipulá-lo, já que isso também é necessário no plano virtual.
Leia o artigo completo aqui.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Textos do blog aparecem na 1ª página do Google

Artigos publicados no blog Metodologia da Pesquisa têm figurado na primeira página do Google, uma das mais importantes ferramentas de busca na Internet.
Dentre 510 mil páginas contendo as palavras "justificativa" e "projeto", um dos textos do blog apareceu em 2º lugar no buscador, em consulta feita às 15h15 deste sábado (6).
O artigo "Falando sobre delimitação do tema" apareceu hoje em 4º lugar na primeira página do Google, num total de 303 mil páginas buscadas pela ferramenta.
Na consulta por blog+metodologia da pesquisa, que resulta em 18.600 páginas, o blog está na primeira página, em décima posição.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Justificativas: a relevância do projeto

Instituições de ensino, pesquisa e fomento exigem que os projetos a ela submetidos contenham uma breve exposição sobre a relevância da proposta.
Isto porque a pesquisa científica é um empreendimento social, exigindo-se dela uma contribuição não só para a área de conhecimento na qual o projeto se insere, mas também para a sociedade de um modo mais amplo.
Desta forma, ao elaborar o projeto, precisamos elencar as razões pelas quais nossa pesquisa deve ser apoiada institucionalmente. Tais razões constituem o que chamamos, no projeto, de justificativas.
São dois os tipos ou critérios de justificativas em um projeto de pesquisa: a relevância social e a relevância científica.
Todo projeto é relevante socialmente quando contribui, de alguma forma, para melhoria da sociedade, para compreensão do mundo em que vivemos ou ainda para desenvolvimento e emancipação do homem. Mesmo um projeto de tema absolutamente técnico deve trazer uma contribuição para a sociedade.
De modo mais específico, espera-se que todo projeto de pesquisa traga uma contribuição acadêmica e científica para a sua área de conhecimento.
Tal contribuição é assegurada pela utilidade do trabalho aos demais, pela contribuição cumulativa (ou seja, pelo que este acrescenta ao conjunto do conhecimento científico do tema), pelo ineditismo do tema ou da abordagem e pela contribuição à superação de lacunas no conhecimento.
Observe-se, ainda, que as justificativas são decisivas no processo de análise de um projeto pela instituição ao qual se apresenta. Afinal, um projeto sem relevância não merece nem ser aprovado, quanto mais posto em prática.

Apresentação formal do projeto

Pois é, pessoal, dia 1 de dezembro é o prazo para entrega de nosso projeto de pesquisa. Só para lembrar, o projeto deve seguir a seguinte estrutura:
1. Introdução (contextualizar o assunto, delimitar o tema - o que, quem, quando e onde - e apresentar o problema de pesquisa, ou seja, a pergunta que norteia a investigação);
2. Objetivos (gerais e específicos, definindo as metas da pesquisa; não esquecer do uso dos verbos na sua formulação, ex. analisar, estudar, contribuir, comparar, etc.);
3. Justificativas (apontar a relevância social e científica da problemática);
4. Revisão bibliográfica (inserir o problema no contexto da literatura científica, indicando quais autores e linhas teóricas que fundamentarão a pesquisa; apontar lacunas no conhecimento atual do tema e os avanços obtidos pela bibliografia);
5. Metodologia (definir quais os métodos e procedimentos para a coleta de dados; definir se a pesquisa é exploratória ou descritiva, se os dados serão coletados por meio de pesquisa de campo - dizer que técnicas usará, se entrevistas, questionários ou observação -, ou se serão empregadas pesquisa documental e pesquisa biliográfica);
6. Cronograma (calendário das etapas que serão cumpridas durante a realização da pesquisa);
7. Bibliografia (listar, em ordem alfabética, as obras que já foram lidas e as que ainda serão estudadas; a referência deve ser completa: autor, título, local, editora, ano).
Para a apresentação formal (capa, espaçamento, tipo de fonte, margens e normas de referência bibliográfica, seguir o Manual de Normas da Finan, que pode ser consultado no link de ferramentas na web, na barra lateral direita).
Bom trabalho a todos.

Estressados com o projeto

Os estressados com a elaboração do projeto de pesquisa se organizaram em uma comunidade no Orkut: Projeto de pesquisa, blehhhhhhhh.
Interessantes são os pedidos de ajuda deixados lá: "...tenho 3 dias p/ fazer um projeto de pesquisa e não faço idea!!!" ou ainda: "to desesperada presiço entregar meu projeto dia 22 e ñ fiz nada ainda, me ajudem!!!"
Felizmente, a comunidade tem apenas 83 membros.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Objetivos gerais e específicos

Os objetivos constituem a finalidade de um trabalho científico, ou seja, a meta que se pretende atingir com a elaboração da pesquisa.
São eles que indicam o que um pesquisador realmente deseja fazer. Sua definição clara ajuda em muito na tomada de decisões quanto aos aspectos metodológicos da pesquisa, afinal, temos que saber o que queremos fazer, para depois resolvermos como proceder para chegar aos resultados pretendidos.
Podemos distinguir dois tipos de objetivos em um trabalho científico: os objetivos gerais e os objetivos específicos.
Como o próprio nome diz, os objetivos gerais são aqueles mais amplos. São as metas de longo alcance, as contribuições que se desejam oferecer com a execução da pesquisa. Em geral, o primeiro e maior objetivo do pesquisador é o de obter uma resposta satisfatória ao seu problema de pesquisa.
No entanto, para se cumprir os objetivos gerais é preciso delimitar metas mais específicas dentro do trabalho. São elas que, somadas, conduzirão ao desfecho do objetivo geral.
Por exemplo, se o objetivo geral de um projeto é o de contibuir para o estudo de uma dada realidade social, os objetivos específicos deverão estar orientados para esta meta: descrever a realidade; compará-la com outras situações similares; sistematizar os pontos determinantes para sua ocorrência. Cumpridos estes objetivos parciais, certamente o pesquisador conseguirá atingir seu objetivo mais amplo.
Observe-se que a formulação dos objetivos - seja dos gerais, seja dos específicos - se faz mediante o emprego de verbos no infinitivo: contribuir, analisar, descrever, investigar, comparar...
Cumpre ainda dizer que os objetivos têm função norteadora no momento da leitura e avaliação do TCC ou da tese. Isto porque, um trabalho acadêmico é julgado, em grande parte, pela capacidade de cumprir os objetivos que se propõem em suas páginas iniciais. Então, o alerta é: cuidado na hora de estabelecer os objetivos. Além de claros, estes têm que ser exequíveis.

domingo, 9 de novembro de 2008

Formulação do problema

A problematização - etapa do planejamento científico que mais costuma tirar a noite de sono dos pesquisadores, sobretudo dos iniciantes - nada mais é do que a proposição de uma questão que se buscará responder por meio de pesquisa. Em outras palavras, problema é a pergunta que a pesquisa pretende resolver.
Pelo que tenho visto, a dificuldade maior da problematização pelos estudantes decorre mais pela falta de maturidade ou de conhecimento do tema, do que pela dificuldade própria de construção do problema. Um tema bem delimitado e uma revisão sistemática da bibliografia já anunciam para o pleno êxito na formulação de um problema de pesquisa.
Não adianta, entretanto, querer pular etapa e ir direto ao problema, já que este resulta de um processo de amadurecimento e reflexão sobre um assunto, que depois se tornará um tema, até se chegar à problemática.
Do ponto de vista metodológico, um problema de pesquisa deve atender a alguns requisitos. Como sugere Gil (2002), um problema deve ser:
a) claro e preciso (todos os conceitos e termos usados em sua enunciação não podem causar ambiguidades ou dúvidas);
b) empírico, isto é, observável na realidade, que pode ser captado pela observação do cientista social através de técnicas e métodos apropriados;
c) delimitado;
d) passível de solução (é necessário que haja maneira de produzir uma solução para o problema dentro de critérios metodológicos e de cientificidade).
As quatro dimensões citadas acima devem ser usadas como um crivo para o pesquisador examinar a consistência do seu problema. Antes de formulá-lo no papel, seria oportuno questionar-se: o problema, nos termos que o coloco, é claro? trata-se de questão passível de solução? é delimitado? é empírico?
Para formular o problema, devemos transformar o tema em uma pergunta. Por isso, o melhor caminho para a redação da problemática no corpo do texto do projeto é utilizar uma de frase interrogativa.
Em geral, os pesquisadores em ciências sociais e nas ciências naturais têm em mente perguntas de relação causal ou aquelas que visam conceituar e descrever a ocorrência de um determinado fenômeno.
O que é e como ocorre o fenômeno? Por que ele se manifesta? Quais são seus efeitos e impactos? Estas são algumas das formulações lógicas que podem orientar uma problematização, dependendo, é claro, do objetivo do pesquisador. Uma pesquisa que investigue a relação causal, por exemplo, terá que questionar acerca da causa do fenômeno e não sobre como o mesmo se dá. Este último enfoque resultaria em uma pesquisa descritiva e não explicativa.
A experiência tem mostrado que a utilização dos critérios mencionados acima gera resultados satisfatórios. No entanto, é necessário que se repita: o problema resulta de um trabalho arduamente desenvolvido pelo pesquisador e não surge do vácuo.

sábado, 25 de outubro de 2008

Critérios para delimitação do tema

Não raro o assunto de pesquisa é confundido com o tema. O primeiro é mais abrangente, comportando diversas possibilidades de recorte, enquanto que o segundo consiste naquilo que o pesquisador pretende abordar com parâmetros precisos em sua pesquisa.
Diversos estudantes ou pesquisadoes podem abordar um mesmo assunto, o que não significa que todos tratarão do mesmo tema. Podemos dizer que o tema é o assunto delimitado.
Depois de escolhido o assunto de pesquisa é preciso ainda afunilá-lo, circunscrevê-lo. Para ajudar nesta etapa, podemos estabelecer alguns critérios para a delimitação do tema.
Um primeiro critério é o espacial (GIL, 2004, p. 162). Por ser a pesquisa social eminentemente empírica, é preciso delimitar o locus da observação, ou seja o local onde o fenômeno em estudo ocorre. Um estudo que trate da violência urbana, por exemplo, pode comportar diversos recortes espaciais (um município, uma área metropolitana, uma região, etc). Certo é que o parâmetro espacial escolhido implicará no resultado dos dados obtidos e nas conclusões do estudo.
Outro critério de delimitação é o temporal (GIL, 2004, p. 162), isto é, o período em que o fenômeno a ser estudado será circunscrito. Podemos definir a realização da pesquisa situando nosso objeto no tempo presente, ou recuar no tempo, procurando evidenciar a série histórica de um determinado fenômeno. Uma investigação sobre micro-empresas, por exemplo, pode situar-se no momento corrente, durante um período abrangido por um determinado plano econômico (Real ou Cruzado, p.ex.) ou ainda nos últimos 10 ou 15 anos. Tudo depende, é claro, do objetivo do pesquisador em elaborar o dado recorte.
A delimitação deve se ater, para usar a terminologia da Victor Franz Rudio, à definição do "campo de observação" (RUDIO, 1985, p. 72-75). Este comporta, além do local (recorte espacial) e circunstâncias (recorte temporal), a população a ser estudada.
A população consiste na definição de quem será objeto da pesquisa. Este quem pode se referir a um conjunto de empresas, ou aos pacientes sob determinado procedimento clínico ou ainda a sujeitos que serão indagados acerca de seus comportamentos ou visão de mundo (exemplo, os praticantes de uma determinada religião). A população do estudo dependerá, obviamente, da área de conhecimento na qual ele se insere e no propósito de cada pesquisa.
Diante desses critérios, tratemos então de definir o nosso campo de observação, visando elaborar um projeto assentado sobre tema consistente e preciso.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

ICAH disponibiliza versão integral de artigo

A revista Fronteras de la Historia, do Instituto Colombiano de Antropologia e História (ICAH), de Bogotá, disponibiliza versão integral do artigo "Imágenes de dominación en las fiestas de la Conquista", do professor José Artur Teixeira Gonçalves. Acesse a versão completa do artigo, em espanhol.

domingo, 28 de setembro de 2008

Projeto de pesquisa: um exemplo

A finalidade da metodologia é, tenho insistido em muitas de nossas aulas, propor um caminho para a investigação científica sem, contudo, tornar-se uma amarra rígida que impeça a criatividade do pesquisador diante de objetos e abordagens diferenciadas.
Faço esta ressalva inicial porque logo abaixo, atendendo ao pedido da acadêmica Franciellen Ghirardi, disponibilizo o resumo de um projeto de pesquisa. A intenção é verificar como um pesquisador trata, no corpo do projeto, da problematização, abordagem metodológica, etc.
Não deve ser visto, contudo, como uma receita de bolo. Atenção, é uma ilustração. Cada um deve buscar as suas soluções para os seus temas e problemáticas.
Quero observar ainda que o resumo abaixo deve ser utilizado com ética. Trata-se de um projeto de docente e acadêmica das Faculdades Integradas Clareatianas, que reproduziremos abaixo com os respectivos créditos.


A CONTABILIDADE NO TERCEIRO SETOR: UM PROJETO DE PESQUISA *
Fernanda Rodrigues da Silva
Renata Nascimento Silva
Faculdades Integradas Claretianas
O objetivo deste trabalho (em fase de projeto de pesquisa) é levar ao conhecimento do leitor a Contabilidade no Terceiro Setor, quais são as instituições integrantes do mesmo e a legislação que regula o sistema contábil do terceiro setor. A problemática de pesquisa se resume na seguinte indagação: como é empregada na prática a contabilidade dessas instituições? E decorrente desta questão se essa contabilidade é empregada de maneira correta obedecendo aos princípios legais que regem essas instituições. A opção metodológica da pesquisa reside no método hipotético-dedutivo e a combinação entre documentação direta e indireta nas técnicas de pesquisa. A etapa da revisão bibliográfica, deste projeto de pesquisa, indica que o conceito chave que compõem o universo da pesquisa diz respeito à própria identificação do que seja em termos sociológicos e legais o chamado terceiro setor: quais suas relações com os outros setores da sociedade, quais instituições pertencem ao terceiro setor e qual seu papel social e suas competências técnicas. Nessa direção, para entender o que significa Terceiro Setor é necessária uma introdução aos outros dois setores da economia, o Primeiro e o Segundo Setor. No primeiro setor situa-se o Estado, que por meio de seus órgãos e entidades exerce as atividades política, administrativa, econômica e financeira com o objetivo de cumprir suas finalidades básicas desempenhando as funções de instituir e dinamizar a ordem jurídica, resolução de conflitos sociais, administração e gerenciamento de bens públicos para atender às necessidades coletivas. Já o Segundo Setor constitui-se das empresas privadas que exercem suas atividades com finalidade lucrativa, visando distribuir o lucro adquirido aos seus investidores. Resultante de diversos problemas sociais e da dificuldade do Primeiro Setor, ou seja, o Estado em atender estas demandas, surgiu um setor que vem desenvolvendo essas atividades através de inúmeras instituições, o chamado Terceiro Setor. Terceiro setor é o conceito dado para designar organizações sem fins lucrativos, cujo papel principal é a participação voluntária fora do âmbito governamental, que dão suporte às práticas de caridade e filantropia voltadas para garantir o direito de cidadania da sociedade. O termo Terceiro Setor expressa uma alternativa para as desvantagens tanto do mercado, associadas à maximização dos lucros, quanto do governo com sua burocracia inoperante. Essas organizações fazem contraponto as organizações do Governo, onde as iniciativas particulares também conduzem determinadas atividades típicas do Estado, tais como: educação, saúde, desporto, cultura, comunicação, geração de emprego e renda dentre outras.Portanto sejam sindicatos, associações, igrejas, cooperativas ou quaisquer outras organizações que fazem contraponto ao capital, que não distribuam seu patrimônio aos associados, que ajam independentemente do Estado e de forma autônoma em relação a este, são organizações do Terceiro Setor.
* Fonte: SILVA, Renata N.; SILVA, Fernanda R. da. A contabilidade no terceiro setor: um projeto de pesquisa. Disponível em: http://ccic.claretianas.br/ccic2005/resumos/Cont/A_CONTABILIDADE.pdf Acesso em 28 set. 2008.

sábado, 6 de setembro de 2008

Falando sobre delimitação do tema

Uma anedota, às vezes, serve para ilustrar aquilo que queremos dizer em mil palavras. Por isso, vale contar essa pequena história...
Um belo dia, um estudante procurou seu professor de metodologia e disse que queria fazer um projeto de pesquisa. O mestre ficou satisfeito e indagou:
_Muito bom meu aluno, mas me diga, qual o tema de seu projeto?
O aluno, mais satisfeito ainda disse, singelamente:
_Professor, quero pesquisar sobre Deus e o Mundo.
Rapidamente o ar de satisfação do profesor foi tomado por uma expressão de desespero.
_ Mas, meu aluno - interpelou o mestre -, esse assunto é muito vasto. Homens ilustres e sábios já tentaram discorrer sobre isso e não conseguiram no decurso de uma vida. Você precisa delimitar o seu tema.
O aluno fitou o mestre, mais desanimado do que este. Justo agora aque ele parecia ter entendido todas aquelas coisas que se ensinavam nas aulas de metodologia! O professor percebeu e não quis desestimular o aluno. Recomendou-lhe a leitura de alguns livros, do Severino, do Umberto Eco, do Salomon e pediu que o jovem retornasse na próxima semana.
Algus dias depois, aparece o jovem aluno, todo sorridente, trazendo debaixo dos braços uma pilha de compêndios.
_Professor, agora eu delimitei o meu tema. Quero estudar apenas o mundo...
Moral da história: não adianta escolher um assunto para o projeto de pesquisa. É preciso delimitá-lo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Escolha do tema

Elaborar um projeto de pesquisa - e nós aqui já vimos para que serve e quais são suas partes constitutivas - exige a escolha de um assunto. Não há outra forma de começar. Tudo no projeto gravitará em torno de uma temática.
Em geral, a primeira escolha que fazemos de um assunto ou área de pesquisa não apresenta um recorte muito preciso, exigindo que depois se retrabalhe o alvo de nosso interesse e assim se chegue à definição do tema.
Muito frequentemente os alunos partem para essa tarefa sem ter nenhuma idéia em mente sobre o que querem pesquisar. Ou ainda, quando têm um interesse, este se apresenta de forma muito abrangente e indefinida, manifestada por frases do tipo: "Professor, gostaria de fazer um estudo sobre contabilidade tributária", ou ainda, "Queria estudar sobre teorias da administração". Com o tempo, é natural que esse interesse geral vá se aprofundando e surja daí o verdadeiro tema do projeto.
Para aqueles que ainda não fizeram a escolha do tema, há alguns conselhos práticos - mais do que regras - que são formulados por Umberto Eco (Como se faz uma tese, São Paulo, Perspectiva, 2005, p. 6) e podem orientar o pesquisador, seja iniciante ou experiente:
1. O tema deve interessar ao aluno. Não adianta escolher temas que sejam impostos ou sobre os quais não se tenha qualquer motivação para seu estudo.
2. As fontes de pesquisa devem ser acessíveis. Antes de elaborar um projeto sobre um determinado assunto é preciso saber se as fontes para o seu estudo (documentação, bibliografia, etc.) estão ao "alcance material", ou seja, se estão disponíveis. De nada adiantaria escolher um assunto de pesquisa acerca do qual não teria a disponibilidade de acesso ao material, seja pelo fato das fontes serem raras ou pela área definida ser ainda muito nova ou altamente especializada.
3. Mesmo que estejam ao meu alcance material, as fontes devem ser manejáveis, isto é, estar ao "alcance cultural". Posso ter na biblioteca da minha faculdade as obras completas do autor que pretendo estudar, mas todas no original em alemão, língua a qual eu não domino, impedindo-me de manejar, ou utilizar, aquela documentação. Assim, neste exemplo, teríamos fontes acessíveis, mas não manejáveis.
4. Por fim, é preciso refletir se a metodologia e a teoria que pretendo empregar em minha pesquisa são adequadas à minha experiência. Não é raro que busquemos nos enveredar por áreas que exijam, previamente, uma série de conceitos e de conhecimentos teóricos. O que ocorre é que não dá para "improvisar" em uma pesquisa. É preferível escolher uma abordagem menos "ousada", mas perfeitamente executável, do que pretender usar a "última teoria" e não ter domínio sequer dos seus conceitos básicos.
Como se vê, não há uma receita milagrosa para a escolha do tema. Este é fruto de muito trabalho e pesquisa. O que se pode é tentar aprender com a experiência daqueles que já passaram por esses mesmos dilemas e conseguiram "sobreviver" aos seus trabalhos de conclusão e teses de pós-graduação. Boa sorte.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Tensão pré-monografia

Pessoal, esse post é para relaxar, afinal temos trabalhado bastante duro nos últimos meses.

Se você vem sofrendo de TPM - tensão pré monografia, então acesse a comunidade no Orkut e entre para esse time!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Estrutura do projeto de pesquisa

Pois é, pessoal, estamos de volta. Agora, com um novo desafio, que é o de produzir um projeto de pesquisa. Para tal empreitada, irei nortear aqui a estrutura de projeto de pesquisa que nos servirá de parâmetro. O objetivo, neste momento, não é o de discorrer em profundidade sobre cada uma das partes do projeto, mas assinalá-las. Então, vamos lá.
O projeto se inicia pela colocação do tema, que deve estar suficientemente delimitado, e pela formulação do problema.
A indicação de uma problemática de pesquisa sugerirá ao pesquisador hipóteses, respostas provisórias que orientam o trabalho de coleta de dados, que podem ou não ser comprovadas.
Após definido o objeto de estudo, expresso pela sequência tema-problema-hipótese, é necessário evidenciar a relevância social e a importância científica do objeto na justificativa.
No planejamento que constitui o projeto, o pesquisador deve deixar muito claro quais são seus objetivos, isto é, quais as metas estabelecidas para a investigação.
A formulação do objeto deve estar assentada em um sólido embasamento teórico. Aqui, deve-se evidenciar a teoria que embasará a interpretação dos dados recolhidos no campo ou na pesquisa bibliográfica, bem como elaborar a revisão bibliográfica pertinente ao tema.
A metodologia que orientará a pesquisa também precisa ser colocada com clareza no projeto. Por metodologia entende-se não só as técnicas e procedimentos a serem empregados para a coleta de dados, bem como o tipo de abordagem do objeto.
Por fim, a estrutura do projeto coonta com o cronograma - calendário das atividades futuras a serem realizadas durante a investigação - e a bibliografia, da qual constará não só obras usadas no projeto, bem como aquelas indispensáveis para o estudo do tema proposto.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

O projeto de pesquisa e sua finalidade

O projeto de pesquisa é um planejamento elaborado pelo pesquisador antes do início de uma investigação científica.
Mesmo a pesquisa sendo um processo dialético, não se pode dispensar a sistematização prévia do que se pretende fazer, de como proceder e a que resultados se espera chegar.
Dificilmente se terá êxito em uma pesquisa cuja coleta de dados seja feita de forma assistemática e sem um norteamento teórico-metodológico.
A finalidade científica do projeto, então, é esclarecer ao próprio pesquisador as questões que ele pretende enfrentar e quais as estratégias as quais lançará mão para surpreendê-las.
Além do caráter de planejamento prévio de uma pesquisa - antecedendo a elaboração de teses e trabalhos de conclusão de curso -, o projeto tem outras finalidades, que podemos chamar de institucionais.
Em geral, os cursos de graduação exigem que os estudantes apresentem um projeto ou pré-projeto de pesquisa antes da elaboração da monografia final. É uma forma de se avaliar se o caminho adotado pelo aluno poderá surtir os efeitos esperados, auxiliando-o na formulação construção de um objeto de investigação.
Cursos de pós-graduação também solicitam dos candidatos projetos de pesquisa. São várias razões: verificar a pertinência do projeto na linha de pesquisa do programa; analisar a exequibilidade do projeto (ou seja, se o candidato conseguirá dar conta do que está se propondo); verificar o manejo do candidato de conceitos, teorias e metodologias.
As instiuições de pesquisa - tais como o CNPq - também exigem a apresentação de projetos de pesquisa pelos mesmos motivos expostos acima, visando avaliar também se o projeto se enquadra nas linhas de financiamento e se o mesmo apresenta relevância científica e social para ser fomentado através de uma bolsa de estudos.
Como vimos, a finalidade do projeto de pesquisa é dupla: científica e institucional. Desta forma, sua produção deve ser rigorosa, atendendo tanto às exigências da própria pesquisa, bem como das instituições na qual ela se insere.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Planejamento de estudos de caso em Administração

Durante abordagem sobre o delineamento de estudo de caso, alunos do 1º semestre de Administração da Unes/Finan apresentaram sugestões de temas que podem ser tratados mediante a referida metodologia. A atividade foi realizada na disciplina MCI.
Trata-se de uma primeira aproximação dos estudantes com o universo da pesquisa, mas que revelou-se muito produtiva, pois permitiu ao aluno assumir um papel ativo na construção do conhecimento, não como mero reprodutor.
Os temas (veja na postagem abaixo), com exceção de um, gravitam em torno do comércio de cidades do Mato Grosso do Sul. Isto se deve, em grande parte, à atividade comercial fazer parte do universo mais imediato dos estudantes, que ou trabalham em estabelecimentos comerciais ou são empreendedores neste campo.
Espera-se que esta atividade de sala de aula não se encerre nela mesma e que os temas ganhem vida, dando início a pesquisas, ou instigando os estudantes para a investigação acadêmica.

Alunos apresentam temas de estudo de caso

Grupo

Tema

Delineamento

Jeniffer e Carlos Alberto

Vendedores

objetivos
· estudar a qualidade no atendimento
· investigar processo de vendas e pós-vendas

definição de casos
· uma loja situada em Nova Andradina (MS)
· comércio de móveis e eletrodomésticos
· entre o período de 2005 à 2008

coleta de dados
entrevistas com clientes sobre atendimento
qualidade dos produtos pós-vendas burocracia na abertura de créditos
fontes documentais

Eder, Pedro, Thamires, Carlos e Guilherme

Resíduos industriais

Objetivo

Analisar os impactos ambientais causados por resíduos sólidos e líquidos lançado no meio ambiente por frigoríficos e como amenizar estes impactos.

Definição de casos Frigorífico em Batayporã (MS)

Coleta de dados Entrevista com bióloga responsável por frigorífico

Maycon, Bruno, Paulo, Carlos Henrique, João Rafael

Estudo de crediário

Objetivo

Investigar crediário em Supermercado, analisando forma de pagamento, forma de cobranças, cadastro de clientes, prazo e inadimplência

Definição de casos

Supermercado em Nova Andradina (MS)
Período da pesquisa: início em 25/06/08

Coleta de dados
Entrevista com funcionários do setor (04)

Fernanda e Wesley

Vendas

Objetivo

Identificar o modo de atendimento dos vendedores e seu conhecimento em relação ao produto vendido

Detectar a satisfação do cliente

Definição de caso

Empresa comercial do setor de peças localizada em Nova Andradina (MS). O estudo será feito em apenas um caso.A análise feita somente em uma empresa.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O design do estudo de caso

O estudo de caso é um delineamento de pesquisa que vem sendo frequentemente utilizado no campo das Ciências Contábeis e da Administração por permitir a descrição e o aprofundamento sobre uma dada realidade social. Antonio Carlos Gil o define como "estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, permitindo seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2004, p. 54).
Este tipo de pesquisa caracteriza-se pelo estudo verticalizado de um ou poucos casos, sendo que o caso consiste em nosso objeto de observação, podendo ser uma empresa, uma instituição ou outro fenômeno delimitado no tempo (quando ocorre?) e no espaço (onde acontece?).
O estudo de caso se aplica quando o pesquisador tem o interesse em observar a ocorrência do fenômeno no campo social e não discuti-lo apenas do ponto de vista da teoria. Evidentemente, a teoria dialogará com o levantamento dos dados empíricos (os dados coletados no campo, observáveis na realidade) e na interpretação dos mesmos, mas o enfoque aqui é a construção da pesquisa com base em uma realidade delimitada.
Para exemplos de estudos de caso na Administração e nas Ciências Contábeis, sugiro que o leitor se dirija ao tópico Metodologia da Pesquisa: Delineamento de pesquisas em Contabilidade e Administração, onde encontrará ligações para estudos que se valem da metodologia do estudo de caso.
O design (delineamento) do estudo de caso pressupõe algumas etapas. Como esclarece Gil (2004, p. 137-142), inicia-se o planejamento do estudo de caso pela formulação do problema. A pesquisa deve procurar responder a um questionamento sobre um determinado fenômeno. Assim, a escolha do caso para análise deve ser motivada por uma questão que pretende-se responder por meio do seu estudo e não o contrário, embora muitos imaginem erroneamente que a simples escolha de uma situação já se traduza na formulação do objeto.
Em seguida à formulação do problema, o pesquisador deve passar à definição da unidade-caso. Aqui, serão estabelecidos os critérios para seleção dos casos de estudo. Deverá se definir o número de casos (um ou se o estudo abordará múltiplos casos), bem como a delimitação de quando e onde ele será observado.
As tomadas iniciais de decisão resultarão na elaboração de um protocolo. O protocolo indicará tanto a seleção e problematização do objeto, bem como as variáveis a serem pesquisadas e sobretudo os instrumentos para coleta de dados. Elabora-se aqui um instrumento indicando como os dados serão obtidos no campo, através de instrumentos específicos de coleta (observação direta, entrevistas, questionários). O protocolo concorre para uma maior exatidão e confiabilidade nos dados.
Passada a fase de planejamento, o pesquisador vai então ao campo para realizar a coleta de dados, valendo-se dos referidos instrumentos de pesquisa. Após sua coleta, o investigador deve proceder à avaliação e análise dos dados.
Terminada esta sistematização e reflexão sobre os dados (que permitirá ao pesquisador enunciar uma reposta sobre o questionamento formulado na problematização), prepara-se o relatório. Um relatório deve apresentar sistematicamente a proposta do estudo, a metodologia ou delineamento empregado para sua elaboração, o referencial teórico que orientou a coleta e análise dos dados, bem como os resultados obtidos pela investigação.
Como em todo tipo de delineamento de pesquisa, o estudo de caso necessita um bom planejamento das etapas de investigação, assim como a clareza das opções teóricas que irão nortear a seleção dos dados empíricos e sua interpretação. A pesquisa no campo não pode estar desvinculada da teoria.


domingo, 1 de junho de 2008

O que é pesquisa? Para que?

Como vimos em nosso encontro passado, a pesquisa constitui-se em um conjunto de procedimentos que visam produzir um novo conhecimento e não reproduzir, simplesmente, o que já se sabe sobre um dado objeto em um determinado campo científico.
Sob este enfoque, podemos trazer aqui a definição de Pedro Demo, para quem "pesquisa é a atividade científica pela qual descobrimos a realidade" (DEMO, 1987, p. 23). Deve-se observar que a realidade a que se refere Demo é a realidade social, alvo de investigação das ciências humanas e sociais, entre as quais as ciências sociais aplicadas, na qual se situam a Administração e as Ciências Contábeis.
Quanto às operações intelectuais envolvidas no processo de investigação, evocamos a definição de Delcio Salomon, que traduz muito bem o que é uma pesquisa e o que nela está envolvido: "Trabalho empreendido metodologicamente, quando surge um problema, para o qual se procura a solução adequada de natureza científica" (SALOMON, 2001, p. 152).
Pesquisa é, portanto, a investigação de um problema (teórico ou empírico) realizada a partir de uma metodologia (que envolve tanto formas de abordagem do problema quanto os procedimentos de coleta de dados), cujos resultados devem ser válidos, embora a provisoriedade seja uma característica do conhecimento científico.
Uma vez definida a pesquisa, precisamos indagar sobre quais as razões de sua realização. Seguindo Richardson, os cientistas sociais pesquisam para: a) resolver problemas sociais; b)formular novas teorias e criar novos conhecimentos; c) testar teorias existentes em um campo científico (RICHARDSON, 1989, p. 16-17).
As razões apontadas valem para quase todas as ciências humanas e sociais, mas ainda devemos elencar quais seriam as exigências de se pesquisar em Administração e Contabilidade. Como bem formula Matias-Pereira, pesquisa-se nestas áreas, entre outros motivos, para "gerar conhecimento sobre o processo de planejamento, organização, acompanhamento e controle que ocorrem em organizações", bem como para "aumentar a eficiência e eficácia" nestas instituições (MATIAS-PEREIRA, 2007, p. 29).
O pesquisador das duas áreas não pode perder o foco, ainda, naquilo que deve motivar toda pesquisa: a melhoria das condições de vida do homem ou, como escreve Matias-Pereira, o "desenvolvimento social".


sexta-feira, 30 de maio de 2008

Delineamento de pesquisas em Contabilidade e Administração

Para acompanhar nosso estudo em sala dos diferentes tipos de delineamento de pesquisa em Contabilidade e Administração, postarei alguns links de artigos que serão utilizados para discussão quanto ao aspecto metodológico.
O que nos interessa é verificar como as pesquisas relacionadas foram elaboradas, quais os procedimentos de coleta de dados e análises foram empregados pelos pesquisadores. O objetivo não é criar um modelo, mas possibilitar um acompanhamento didático dos procedimentos através da abordagem de casos concretos.
Para discussão de estudo de caso, analisaremos o texto Teoria da contingência e contabilidade gerencial: um estudo de caso sobre o processo de mudança na Controladoria do Banco do Brasil; na área de administração, temos o trabalho A administração de caixa em empresas de pequeno porte : estudo de caso no setor hoteleiro de Salvador-BA.
Já para os estudos com enfoque quantitativo, veremos O call center e a fidelização de clientes: um estudo quantitativo no setor bancário de São Paulo.
Como se vê, selecionei estudos qualitativos e quantitativos, visando mostrar os diferentes designs metodológicos possíveis em pesquisa. Não propomos uma dicotomia entre os dois métodos, mas sim mostrar suas diferenças e aplicabilidades no contexto da pesquisa científica em contabilidade e administração.
Boas leituras.

terça-feira, 13 de maio de 2008

O fichamento de leitura



Dentre os diversos tipos de fichas e fichamentos, o mais imprescindível deles é o de leitura. Na verdade, todo estudante deveria manter suas fichas (ou documentação de leitura) em dia e atualizadas. Sobre os benefícios da prática, já escrevi em um tópico anterior.Portanto, vamos ao tema.
O fichamento é uma técnica de estudo e ferramenta imprescindível de todo pesquisador. Seu nome nos remete para o modo artesanal através do qual a técnica se desenvolveu: da prática de registro de informações em fichas, objetivando a sistematização ou reflexão do conhecimento.
Hoje, com o auxílio da informática, temos ao alcance programas de bancos de dados, que permitem este trabalho e praticamente eliminam o papel no processo de sua formulação. Todas as informações são registradas em fichas digitais. Mas ainda assim, constituem-se fichas e fichamentos...
Uma boa ficha de leitura (independente do suporte, digital ou analógico) serve para sistematizar o conteúdo essencial de uma obra, bem como articulá-lo com nossa reflexão pessoal.
Com sua experiência de pesquisador e escritor, Umberto Eco (1983, p. 96-111) propõe que uma ficha de leitura contenha alguns elementos, como podemos visualizar acima. Os componentes principais são:
- Indicações bibliográficas da obra que está sendo fichada;
- Informações sobre o autor (quando não o conhecemos e necessitamos deste suporte);
- Citações literais de trechos mais importantes da obra (usando aspas nas transcrições);
- Comentários pessoais (quando fizermos nossas observações, é importante deixar claro seu caráter pessoal, diferenciando-as por cores ou usando colchetes para tudo aquilo que for opinião nossa e não do autor).
Com a prática sistemática do fichamento certamente iremos fazer adaptações pessoais, incorporaremos outros elementos e nuances particulares ao trabalho. É o caminho natural da aplicação de uma orientação metodológica. Não podemos perder o foco, nunca, de que as técnicas estão a nosso serviço. Nunca o contrário.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Eu odeio metodologia

Não, você não está maluco.
O título acima é o que você realmente está lendo. Só que a frase "Eu odeio metodologia" não sou eu quem está dizendo. É o título de várias comunidades no Orkut (rede de relacionamentos na Internet) que encontrei enquanto pesquisava sobre redes virtuais.
Movido por uma "curiosidade científica", entrei nas comunidades, buscando tentar compreender aquela manifestação. Em primeiro lugar elas revelam a irreverência estudantil, a livre maneira de se manifestar da juventude, e isto é ótimo.
No entanto, quando lemos os scraps, as mensagens deixadas, verificamos que tudo aquilo que os estudantes odeiam (por exemplo, fazer trabalho e apresentá-lo na frente da classe) não é necessariamente atributo da metodologia, e sim estratégias didáticas que variam de professor para professor e que não são exclusividade da metodologia.
Da mesma forma, observamos que há um apego ao entendimento de que a metodologia consiste em um conjunto inócuo de regras e normas, como se só estas (que são na verdade um capítulo muito pequeno dentro do rico e amplo universo da metodologia) existissem.


Também pude encontrar nestes scraps argumentos mais bizarros, como o de um estudante que disse que "ninguém merece" metodologia já que esta o obriga a dispor dos domingos para fazer trabalhos ao invés de se dedicar ao "laser" (assim mesmo, com "s"). No seu entendimento, a metodologia é "coisa de louco", ou ainda, uma "frescura".
Sei que afirmações como esta partem de alunos inteligentes, mas que infelizmente reproduzem de modo a-crítico um discurso cheio de falácias e pré-concepções. Tal discurso é vivo em ambientes onde não há tradição de pesquisa acadêmica e se pensa que o aluno deve ser preparado apenas para o mercado, como se hoje o próprio mercado não exigisse profissionais com múltiplas habilidades (veja-se, por exemplo, quantos graduados estão hoje em busca de tais qualificações em cursos de especialização e pós-graduação stricto sensu).
Pensei até em reagir, ao ver as comunidades virtuais desancando a metodologia, e formatar outra em resposta, defendendo a mim e a meus colegas que insistimos anos a fio a ensinar a pesquisar: "Eu odeio quem odeia metodologia".
Mas, pensando bem, eu também vou criar uma comunidade no Orkut para aqueles que odeiam metodologia. E na descrição vou relacionar todos os motivos que tornam a metodologia realmente odiosa:
- A metodologia nos obriga a pensar com critério e rigor (e pensar dói);
- A metodologia exige que ampliemos nosso vocabulário e que nos expressemos com clareza (falar axim, nem pensar);
- A metodologia torna complicada nossa vida, pois temos organizar os trabalhos que antes poderíamos fazer de qualquer jeito;
- A metodologia nos obriga ler, gastar horas de nosso tempo na frente de livros enquanto poderíamos estar na balada e nos churras;
- A metodologia quer nos emancipar da dependência intelectual, tornando-nos investigadores e não meros reprodutores de conhecimento, escravos das idéias alheias;
Por todas estas razões, "odiadores" de metodologia de todo o mundo, uni-vos.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Importância da documentação

Sempre que tratamos em nossas aulas acerca de trabalhos acadêmicos elaborados a partir da leitura, nos deparamos com a necessidade de justificar o por quê deste tipo de exigência intelectual.
As perguntas que surgem (ou ficam implícitas) são: para que fichar um texto? Ou ainda, por que devo fazer um resumo ou anotação? Em uma sociedade que prima pelo pragmatismo, não é de se estranhar que isso ocorra.
Só o fato de os fichamentos e demais trabalhos, como resumos, serem frequentemente solicitados em nossos cursos de graduação e pós-graduação já seria suficiente para justificar a sua importância. No entanto, há outros motivos ainda mais relevantes e que devem ser levados em consideração.
O estudante precisa compreender, antes de mais nada, que o ato de produzir uma documentação (fichários, anotações, resumos) a partir da leitura e das aulas corresponde a uma necessidade ligada ao próprio fator de aprendizagem. Quantos mais ativa a participação do aluno na construção do conhecimento, mais sucesso ele poderá obter em sua vida acadêmica.
O aluno em início de curso ainda não consegue visualizar que a monografia - ou Trabalho de Conclusão de Curso - que lhe será exigido ao final dos quatro ou cinco anos de estudo como requisito para sua aprovação demandará a sistematização e consolidação dos conhecimentos obtidos durante toda a graduação, aplicados a um tema e objeto circunscritos.
Pois bem, o TCC demandará grande dose de leituras, parte das quais já realizadas no decorrer da graduação. Caso o hábito de documentar-se já tenha sido incorporado desde o início do curso, ao final o estudante disporá de farto material (resumos, resenhas, levantamentos, fichários, anotações) para a realização de seu TCC. Além do mais, fichar novas leituras não será uma tarefa difícil, pois o graduando já disporá das técnicas necessárias para tal.
Assim sendo, quanto antes começarmos a fichar e a preparar documentação de estudo, melhor estaremos preparados para encarar os desafios futuros, sejam eles no mercado de trabalho, sejam na área acadêmica.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Leitura e resumo

Como estamos falando sobre leitura e resumo, resolvi postar aqui a apesentação em slides da aula em que tratamos do assunto. Espero que aproveitem!

domingo, 30 de março de 2008

Como resumir

Em nossas aulas, temos conversado sobre a importância do ato da leitura, suas dificuldades, bem como estratégias para superá-las. A esquematização e as etapas de análise textual propostas por Severino (2002: 47-61) podem nos auxiliar muito neste caminho.
Nesta semana vamos abordar um outro tipo de trabalho acadêmico bastante exigido nos cursos de graduação: o resumo.
Segundo a NBR 6028/2003 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), um resumo
sintetiza os pontos principais de um documento, podendo ser indicativo, informativo ou crítico.
Um resumo informativo é detalhado, trazendo informações sobre a finalidade, metodologia e conclusões a que chega o autor. Já o resumo indicativo pontua os aspectos principais do texto, mas não detalha informações quantitativas e qualitativas. Por fim, o resumo crítico, também chamado de resenha, consiste na análise crítica de um documento.
Para elaborar um resumo se faz necessário, antes de mais nada, uma leitura completa do texto. Durante esta leitura, vamos identificar as passagens mais importantes e as idéias principais do autor. É conveniente que a cada idéia identificada, assinalemos no canto do texto. Depois, em uma leitura mais detalhada, devemos voltar aos pontos assinalados e sublinhar aqueles que forem realmente centrais para o entendimento da tese do autor e do problema abordado no texto.
Somente depois desta leitura trabalhada é que vamos escrever o resumo. Por se tratar de trabalho de natureza informativa, devemos desenvolver no texto a sequência lógica de idéias do autor, que nos levem de seus objetivos iniciais e problematização ao esclarecimento de sua tese e de sua argumentação.
Um resumo desta natureza exige fidelidade ao pensamento do autor, exigindo a reelaboração da mensagem do autor com nossas próprias palavras. A menos que estejamos escrevendo um resumo crítico, não vamos pontuar no texto nossas opiniões pessoais.
Quanto ao estilo empregado, vale a recomendação de Délcio Salomon (2001: 114): use frases curtas e diretas.
No mais, além da prática constante da técnica (somente esta nos levará ao aperfeiçoamento da competência em resumir), fica uma última sugestão: leia resumos publicados em periódicos científicos de sua área. Além de se familiarizar com novas tendências em sua área técnico-cintífica, você poderá comparar os resumos indicativos elaborados pelos próprios autores com o teor do artigo, verificando assim o que é importante levar para o papel quando se resume um texto.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Quanto tempo leva?

Uma pergunta sempre frequente à mente de quem inicia a tarefa de escrever uma monografia é: quanto tempo é necessário?
A resposta a este questionamento demanda avaliar diversos fatores, alguns deles internos ao trabalho científico (diria-se intrínsecos) e outros externos ao trabalho, ou extrínsecos.
O fator externo mais determinante é o prazo concedido para a realização do trabalho pela instituição a qual se está vinculado (universidade, centro de pesquisa) ou pela agência que fomenta o trabalho (alguns pesquisadores obtêm bolsas e são pagos por agências governamentais ou não-governamentais para desenvolverem pesquisas).
Em geral, o prazo estipulado pelas instituições é de um ano para um trabalho de iniciação científica ou para o desenvolvimento de um trabalho de conclusão de curso. Dissertações de mestrado e teses de doutorado têm prazos mais longos (mas nem tanto assim), variando de 2 a 5 anos.
As variáveis intrínsecas são aquelas que correspondem às exigências de um trabalho científico, que demandam maior ou menor complexidade. Por exemplo, um trabalho que exija pesquisa experimental deve compreender neste cronograma um período para sua elaboração, além da análise dos dados, sua discussão e, finalmente, seu relato escrito (monografia). Da mesma forma, um estudo com base em documentação deve contemplar um prazo para a coleta das fontes, sua leitura, análise, discussão e redação do trabalho.
Em geral, para se cumprir os objetivos de um trabalho de conclusão de curso são necessários, no mínimo seis meses (aqui eu sigo Umberto Eco, em Como se faz uma tese, 1998, p. 14)e não mais do que um ano. As tarefas compreendidas na pesquisa (levantamento de dados, análise e redação) não consomem menos do que seis meses. De seis a 12 meses é o tempo ideal para desenvolvimento, geralmente coincidindo com o último ano da graduação (isso não significa que o estudante deva, necessariamente, deixar a tarefa para o último ano).
Quem tem a missão de escrever um TCC deve estar ciente, portanto, de que serão necessários pelo menos seis meses para a realização da tarefa. Por isso, a tarefa agora é pensar no tempo disponível, traçar objetivos e começar o trabalho. Até mais.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Ano novo, monografia à vista

Começa um novo ano.
Ainda estamos com aquele gostinho das festas, meio sem ritmo, sem vontade de encarar a pauleira do dia-a-dia. É, mas não tem jeito, não. Temos que recomeçar.
A cada ano que se inicia, fazemos aquele rápido balanço dos objetivos que atingimos no ano anterior e traçamos os novos desafios e metas que virão. Dentre todas as conquistas que serão batalhadas neste ano, uma com certeza é capaz de tirar o sono de muita gente e chega a dar azia (sem fazer referência à comilança das ceias natalinas e de réveillon): a monografia ou o chamado trabalho de conclusão de curso (TCC).
Trabalhos acadêmicos são hoje exigência para uma maior qualificação do profissional. Por isso, não pode ser encarado como aquelas atividades que planejamos no início de um ano, mas que sempre quebramos ou adiamos, como iniciar uma dieta.
Já que é inevitável, vamos aproveitar para pôr a mão na massa o mais rápido possível, sem postergar, sem se escorar em pensamentos do tipo "Depois do carnaval eu começo" ou, "Deixa começar as aulas, aí eu vejo o que faço"...
Aproveite o frescor do novo ano para iniciar seu projeto e, quem sabe lá pelo início do segundo semestre, sua monografia já não esteja bastante adiantada.
Neste ano eu também estou deixando de lado as justificativas ("Não tenho tempo" ou "Estou afogado em tarefas") e me lanço à tarefa de alimentar este blog. Aqui, procurarei compartilhar minha experiência em metodologia da pesquisa, respaldada em minha atividade de pesquisador e de docente na disciplina há oito anos, tanto em cursos de graduação como de pós-graduação.
Passarei a escrever aqui semanalmente. Todos os comentários e contribuições serão bem-vindos. Penso que este blog é - e deve ser de fato - um espaço de trocas. Por isso, lanço o convite para que iniciemos juntos essa nova jornada (eu, com este blog e o leitor, com sua monografia)estabelecendo um diálogo motivador. No mais, iremos conversando ao longo deste "restinho" de ano que ainda temos pela frente.